ESQUECENDO ALGUÉM...

Ontem um mocinho amigo precisava conversar sobre a ex e eu estava com os ombros disponíveis. Ele não sabia se deveria tentar desencanar ou se esperava a moçoila resolver seus perrengues e voltar para ele. Eu disse que tudo dependia do tanto ele gostasse dela e do quanto ele achava que valia a pena esperar. Talvez o melhor fosse estipular uma data e esperar por ela por tempo limitado. Depois disso, o jeito era mandar o coração aquietar o facho, e a mente apagar a moça.

Particularmente, eu não acredito em namoros remendados. Não deu certo uma vez. Tentar de novo, sem no mínimo ter revisto o porquê deu errado, e estar disposto a cometer novos erros e não mais os velhos, é, pra não dizer outra coisa, loucura! E digo novos, porque erros sempre acontecem! E acho que nas segundas, terceiras, quartas, (...), tentativas, estamos mais intolerantes a eles. Já esperamos que hora ou outra eles vão aparecer. Então ao avistar qualquer gelinho boiando, já achamos que é a ponta de um imenso iceberg e pronto: mudamos a metáfora e o gelo vira a última gota d’água!

Pois que quando um namoro meu acaba, obviamente que me descabelo e acho que vou morrer de paixão. Mas chega uma hora, que não costuma demorar muito, que eu me disponho a esquecer o meliante. Tenho a impressão de que eu passei todos os momentos de minha vida tentando esquecer alguém: primeiro o Diogo, depois o João, e o Diogo de novo, Marcel, Diogo mais uma vez, Rodrigo, e aí veio o Carlos... Carlos... esse foi um marco... tentei me esquecer dele com o Fernando... não deu! Acho que até hoje alguma parte de mim ainda tenta esquecê-lo. Vai saber, talvez ele não deva ser esquecido. Foi o meu primeiro amor de verdade. E de alguma forma passou. Acho que se ele aparecesse hoje de novo e dissesse: “Kesianne, te quero, me dá mais uma chance?” tenho certeza que eu responderia sim e lhe (ou me?) concederia mais uma noite. Arrisco dizer até que o faria mesmo que tivesse alguém especial comigo. Mas não iludida achando que namoraríamos novamente. O faria simplesmente porque acho que nossa última vez não foi finalizada, e ela bem que merecia um fim! O que é incoerente nessa história? Eu tenho certeza que o fim seria decepcionante, e eu teria feito uma imensa cagada.

Chega uma hora que a gente aprende que não vai morrer de amor. Dói, é horrível, mas não mata por si só. Afinal não somos mocinhas de romances românticos, saídas dos livros de José de Alencar. Em algum momento a dor passa e a gente percebe que a vida continuou. É aquela velha história de que o mundo não pára para dar tempo da gente recolher nossos cacos pra seguir em frente. E de repente a gente percebe que já pode ser muito tarde, e talvez não possamos nos dar ao luxo de ver a vida passar por nossos olhos. É preciso que nós passemos por ela, e não o contrário!

Aí vem o esquecer. Peninha canta que dor de amor perdido só outro amor pode resolver. Eu acho mesmo que o que resolve é o outro-outro amor. Mas não vou explicar isso porque vão me achar muito cruel.

Esquecer pode ser uma guerra contra nós mesmos. E a nossa razão costuma estar em desvantagem, pois como diria Adriana, o perfume do infeliz ainda está pela casa, ele ainda está na sala, e nosso coração dispara quando tem o cheiro dele dentro de um livro... Ah! Quão desgraçada por ser a memória usada contra a gente! Lembranças de ex deveriam ser exemplos de uma doença auto-imune! E nos resta apenas tratamento paliativo: rasgar as fotos, mudar o número de telefone, bloquear do orkut, do MSN, criar um blog... E manter a esperança de que apareça logo um antígeno novo no pedaço, pro nosso sistema parar de atacar o próprio, e direcionar suas forças sobre ele.